Palavras que passaram

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Excerto #2

Tinha-o afetado mais do que queria admitir, afinal, aquele aleatório cruzamento com a sua deusa egípcia, nos seus sentidos opostos. Enfim. Não podia deixar de admirar a ironia daquele dia, repetida continuamente ao calhas naquela cabeça enfadonhamente sóbria. Ele, descendo o asfalto em estranho esforço, tentando não respirar pela boca e ela, do outro lado, subindo o descampado, como que uma criança aos pinotes. Devia ser a energia daquele paneleirote com quem ia de mãos dadas. Engoliu a amargura daquele fino num suspiro e mandou vir outro. O Amor que ficasse para quem ainda ou já nele, neste ridículo caso, se deixava embalar. Ele tinha o álcool e, realmente, apesar de não ter os encantos de uma gaja atraente, nunca o tinha rejeitado, traído ou só deixado.

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