Palavras que passaram

sábado, 30 de abril de 2011

Caminheiros

O Universo tomara piedade dele. Mesmo sendo nascido das trevas, este era um testamento vivo à mais pura luz que, apesar de apenas encontrada na escuridão, nela não se perderia, jamais. Com a sua transcendente vontade criadora, uma angelical criatura lhe enviava. Seria o seu outro eu, o eu que nele não poderia ser, mas que dele para sempre seria. Teriam, forçosamente, que cruzar caminhos, pois no mesmo caminhavam.  Nada menos era a vontade d'O Divino. Se a diferente passo o trilhavam, mais cedo ou mais tarde se encontrariam, pois a visão de tal viajante, por ora desconhecido, neste percurso tão só seu, os seus corações, pernas e pés aceleraria...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

A Lua e o casaco

O céu estava limpo. As estrelas, vaidosas, saiam para mostrar o seu orgulho, o seu brilho, sob a luz da Lua. Esta, ofuscada pela cegante luminosidade das suas filhas, reflectida n'aquele rio em forma de espelho líquido, lento...calmo...Desviou o olhar para os plátanos que acariciavam o profundo. Quanto mais se esforçava, menos dificilmente distinguia duas formas...Uma rapariga...E um casaco. Apesar da distância, conseguia perceber que a proximidade entre eles, nada mais era que uma ilusão. Ponderou se deveria intervir e, talvez, quem sabe, ajudar a reunir os farrapos, que, tão brevemente, tomariam o ar. Aluada, perdeu a noção do tempo, algures entre os seus pensamentos, interrompidos, apenas, pelo suave toque de um pequeno pedaço de tecido, apenas mais um, de um novo aglomerado de retalhos.