Palavras que passaram

domingo, 5 de junho de 2011

Partirei

Não vos preocupeis. Guardai quaisquer lágrimas, para que as não percam. Parto, é certo. Parto para o meu futuro. O meu caminho estende-se à minha frente, com uma claridade escondida naquelas trevas, que apenas o eu caminheiro desbravará. Sei que o meu é um trilho solitário, em que nenhum outro ser nem nenhum outro eu comigo o poderá percorrer. Peço perdão. Não poderei manter contacto.  Não sei quanto tempo me tomará esta jornada. Não sei se a minha fé aligeirará os meus pés. Não sei se, algures pela estrada, encontrarei o que resta do meu coração. Não sei se encontrarei os fragmentos da minha alma, espalhados pelo vento, algures. Não sei se encontrarei a vida que esta carcaça agraciava. Todas as dúvidas que alguma vez tive, dançam à minha frente, zombando-me com a eterna incerteza. Não sei onde param as certezas que conquistei desta vida, se desta algo consegui. Apenas sei...Que tenho que partir.

sábado, 4 de junho de 2011

Início do Ano da Fénix

O ritual está completo. Vós, que sofreis na sombra da vossa angústia, levantai-vos! Vós, que fostes subjugados por um mundo que teima em domar todos quanto, um dia, sonharam voar lá no alto,  levantai-vos! Vós, que estais presos às vossas mentes, acreditando na imutabilidade do ser humano, levantai-vos e senti o vento da mudança! Vós, que nunca desististes, vós que sempre voltastes à carga, após incontáveis quedas, mantei o espírito alto! O ano da fénix é nosso! Os caídos tomarão o trono! Os mortos retornarão e reclamarão a vida, outrora lhes tirada, ora pelo Destino, ora pela mesquinha! Assim o ordena a fénix.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Acordo

Farei o acordo com aquele que se rebelou. Com aquele que caiu. Não me importo com esta alma que, segundo crendices, habita este fato de carne. Sei, agora melhor do que nunca, que, apenas, com o pacto faustino me libertarei deste existir que nem a sobreviver se assemelha. Se, apenas, o assinar do contracto, numa qualquer encruzilhada, esquecida pelo tempo, com o sangue que nas veias me corre, me tira...Sim, tirá-lo é a única forma deixar de assim ser. Sem este que em meu peito habita, sem este que me recorda, incessantemente, que o Homem é escravo do sentimento, da emoção...Dessas merdas que cortam mais fundo que a lâmina, trinchando o porco, estrela de um qualquer banquete, numa qualquer aldeia do interior...Apenas sem esse poderá, não o Homem, mas este homem que agora escreve, realmente, viver. Ansiarei pelo momento em que, apesar do choro deste maldito traidor interior, olharei o outro nos olhos e, numa voz trémula, mas segura, perguntarei..."Onde é que assino?"